Entrevista - Mauro Blum | TKT
O RA RACING INTERVIEW abre uma série de entrevistas com equipes que vão disputar o ENDURANCE BETO CARRERO 12 HORAS, que acontecerá em dezembro. E começamos conhecendo um pouco mais a história do equipe TKT.
RA RACING INTERVIEW: Mauro, conte como foi a história da TKT nos endurances e por que a equipe sempre busca um número menor de integrantes?
MAURO BLUM – TKT: Bem, vou tentar resumir as 106 horas de história de participação da TKT nos endurances da RARACING. Em 2015, quando surgiu o primeiro endurance, eu e meu amigo Andrey Sardo, saímos em busca de um lugar em alguma equipe para participar deste evento. Conversamos com vários pilotos mas ninguém abriu as portas para nós participarmos de uma equipe. Alguns até disseram que sim, mas há poucos dias do endurance, descobrimos que haviam nos deixado de fora do grupo. Foi uma mistura de sentimentos. O pior deles, a rejeição. Levantamos a cabeça e decidimos que iríamos participar de qualquer jeito e formando a própria equipe, mesmo sem nenhuma experiência. Continuamos a procura e encontramos 2 colegas dispostos a participar do evento.
Formou-se então a equipe MEGA (iniciais dos nomes dos pilotos Mauro, Edmilson, Glauco e Andrey). Entramos no primeiro endurance com o único objetivo de não ficarmos em último lugar. E conseguimos!
Foi nessa primeira prova que o piloto Andrey Sardo ganhou o apelido de Mr M. Isso porque em uma saída de pista na curva da Ferradura, ele levantou tanta poeira que simplesmente sumiu no meio dela e alguns segundos depois foi visto passando pela grama na curva da Bacia! Já no segundo endurance, com a desistência dos dois amigos, ficamos novamente eu e Andrey sozinhos na equipe. Foi quando encontramos um piloto muito experiente procurando uma equipe. Criamos então a SISTENCAR para correr o segundo endurance de 2015.
Aprendemos muito com este novo integrante e começamos a entender melhor como criar estratégias dentro de uma prova de longa duração. Decidimos mais uma vez mudar o nome da Equipe. Agora se chamaria Mônaco Pro Racing, por sugestão do novo integrante. Corremos a etapa 3 de 2015 e a etapa 1 de 2016 com este nome. Pouco antes da etapa 2 de 2016, mais uma decepção. Fomos convidados a nos retirar da equipe para dar lugar a pilotos de nome, mais experientes, mais bem qualificados. Determinados a continuar participando dos endurances, mais uma vez sozinhos, fomos a luta.
Foi então que em um churrasco de família, conversando sobre o endurance, descobrimos que um grande amigo, Etson Budke, fora campeão de uma etapa da Copa Peugeot de Rally como navegador. Fizemos o convite para ele se tornar o nosso cronometrista, estrategista, chefe de equipe em pista, etc.! Para nossa surpresa ele topou, colocou ordem na "casa" e está conosco até hoje. Assim, para participarmos da etapa 2 de 2016, criamos a TKT (Turbulência Kart Team), nome inspirado numa pessoa da família que não concordava com a nossa participação nos endurances e criava tumulto e situações engraçadas. Tudo conspirava para não participarmos destes eventos, mas fomos determinados a participar e também a conquistar bons resultados, mesmo com apenas 1 Kart e 2 pilotos.
Em 2017 conseguimos uma boa regularidade nas provas, terminamos em P7 no geral e conquistamos nosso primeiro troféu com o P10 no endurance de 12 Horas. Em 2018 mantivemos uma boa regularidade, terminamos em P6 no geral e conquistamos o nosso segundo troféu como destaque da prova da etapa 3. Foi também em 2018 que estreou nosso terceiro piloto, Lucas Silva, que além de pilotar trouxe inovações tecnológicas para a equipe, o que facilitou ainda mais a tomada de decisão durante as provas. E respondendo a segunda parte da pergunta, o porque de um número menor de integrantes? Bem, já tentamos diversas vezes ampliar o quadro de pilotos da equipe e até disputar as provas com dois Karts, mas não encontramos parceiros dispostos a investir numa equipe pequena e que raramente sobe ao pódio. Agora em 2019, nosso objetivo continua sendo ficar entre os 10 primeiros nas provas e na classificação geral e principalmente nos divertindo muito, fazendo o que gostamos.
RARI: Qual foi a melhor experiência já vivida em um endurance?
MB-TKT: Todas as nossas participações nas provas de endurance geraram muitas histórias, mas sem dúvida nenhuma a prova de 12 horas de dezembro de 2016 foi a mais marcante. Quando a RA RACING lançou a primeira prova de endurance de 12H, o Andrey e eu decidimos que iríamos encarar esse desafio somente em dois pilotos. Muitos disseram, "Vocês são loucos", "Vocês não irão conseguir", etc.. Fizemos um planejamento de preparação física para chegar no dia da prova com um bom condicionamento e outro planejamento que deveria ser seguido durante a prova. Isto incluía uma alimentação toda especial cujo cardápio mudava de hora em hora e foi elaborado por uma doutora em nutrição que estava fazendo uma especialização na Suiça e de lá elaborou o mesmo com as informações passadas pelo Andrey.
Como não tínhamos patrocinadores na época, fizemos uma rifa e graças a colaboração dos amigos, arrecadamos o suficiente para pagar a inscrição. Quando começou a prova é que nos demos conta do tamanho do desafio, pois já no final dos primeiros stints já sentimos o desgaste, mas encaramos com determinação e seguindo o que havíamos planejado. No final da prova, eu, completamente exausto e ainda sentado no Kart, recebi o maior troféu de todos.
O meu companheiro de pista e melhor amigo veio me dar um abraço emocionado comemorando o desafio superado. Só então compreendi o que aquele feito significou, uma experiência que nunca esqueceremos.
RARI: Como a TKT está se preparando para participar do Endurance Beto Carrero 12 Horas?
MB-TKT: Uma das maiores características da nossa equipe é a organização. Cada um dentro da equipe sabe qual o seu papel e o que tem que fazer em cada situação. Cada prova é posteriormente analisada em reunião para aperfeiçoar os procedimentos ou tomada de decisão. Então, já estamos praticamente prontos para mais um desafio de 12H.
RARI: Como um novo traçado pode mudar as estratégias de prova?
MB-TKT: Em um novo traçado alguns pilotos podem sentir mais dificuldade em conseguir um bom tempo por volta. Com isso as equipes terão que repensar os stints que cada piloto irá fazer e também a sequencia em que cada um entrará na pista.
RARI: Como você imagina o final de prova para a TKT após o Endurance Beto Carrero 12 Horas?
MB-TKT: Quero imaginar/sonhar com a TKT surpreendendo mais uma vez e beliscando um pódio entre os 10 primeiros. Mas se não der, que seja uma prova que tenhamos muitas histórias para contar e dar boas risadas das nossas mancadas em pista!
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