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Entrevista - Chico Johnscher


Na sexta edição da série de entrevistas com as equipes do ENDURANCE BETO CARRERO 12 HORAS, vamos falar com Chico Johnscher, representante da Candy Shop RNK.

RA RACING INTERVIEW: Chico, poderia nos contar como surgiu a equipe até chegar atualmente?
CHICO JOHNSCHER: A história do Candy Shop RNK Team se confunde com a história da Copa RNK, então é preciso voltar um pouco no tempo. No final de 2011, Eduardo e eu organizamos uma corrida de rental kart no Raceland para reunir uma turma perdida de ex-pilotos de rally. A brincadeira deu gosto e originou, incorporando mais alguns amigos e amigos de amigos, a Copa RNK – Rallyzeiros no Kart, criada em 2012. Em 2013, o Alexandre Lagana organizou com a FPrA um campeonato paranaense de endurance no Raceland, com 3 etapas e provas de 5 horas, trazendo os karts da Granja Viana. Chamamos o Rodolpho Bettega, que já participava da RNK e dividia box no kartódromo com o Eduardo, e nos inscrevemos. Ali nos surpreendemos com a estrutura profissional de muitas equipes, pra nós aquilo tudo era novidade, era a primeira vez que eu participava de uma competição de kart, já que minha experiência além do rally se limitava a um campeonato de kart indoor entre amigos. Lembro que combinamos que cada um de nós faria a largada em uma etapa. Como sou muito leve, tinha de usar uma caneleira de 4 kg em cada perna e, quando fui largar, parecia que tava andando na lua correndo para o kart. A turma toda na primeira curva e eu ainda atravessando a pista, foi bizarro. Mesmo assim, não fizemos tão feio e terminamos o campeonato no meio da tabela. No ano seguinte, repetimos a experiência, já carregando a marca RNK Endurance Team, e terminamos a temporada em 7º lugar entre vinte e poucas equipes.

RA RACING INTERVIEW: Como foi a evolução da equipe Candy Shop RNK nos endurances?
CHICO JOHNSCHER: Em 2015 continuamos com participações apenas esporádicas, sem muita estrutura de apoio, contando com os próprios pilotos para fazer cronometragem, sinalização e trocas. Curioso é que, nessa fase, jamais erramos uma parada e, talvez até pela estrutura enxuta, parece que era muito mais simples gerenciar as corridas. Planilha, computador, tenda, placas de sinalização, kart escravo, não tinha nada disso. Era um cronômetro, uma folha de papel e uma lousa de giz. Foi em 2017 que demos um salto evolutivo. Incorporamos chefe de equipe e staff, investimos em equipamentos como tendas, armários, placas, etc. e fizemos uma parceria com o Fast Lap Kart Indoor, que naquele ano custeou um terceiro kart para o time. Atualmente eles oferecem condições especiais para nossos pilotos treinarem na sua pista e no simulador. Hoje contamos com um patrocinador principal, a agência de propaganda Candy Shop, que ajuda a cobrir alguns custos, que são bastante elevados em provas de endurance, além das parcerias com o Fast Lap, DNA Comunicação e Correta Redações. Isso permite que a gente consiga repassar para os pilotos apenas o rateio dos valores da inscrição, sendo os demais gastos e ações de mídia absorvidos pela equipe. Nas próximas 12 Horas, por exemplo, o campeão da Copa RNK receberá como prêmio a participação pelo Candy Shop RNK Team sem nenhum desembolso. Ah, não dá pra deixar de falar de uma coisa fundamental, que tem norteado nosso time desde que foi criado: o espírito da equipe, que sempre foi o de um grupo de amigos, gente afinada, companheirismo. É claro que esperamos contar com pilotos competitivos e o pessoal mais eficiente na retaguarda. Mas, antes de tudo, tem que ser um time.

RARI: Qual foi o melhor e pior momento da história da equipe?
CJ: Bom, o melhor momento ainda está por vir, espero... Na verdade, sempre tem bons momentos, todas as corridas têm ótimos momentos até pelo ambiente e porque os endurances são um vício, né. Mas se for escolher alguns ótimos momentos, sem dúvida um deles foi liderar as 24 Horas de Interlagos por uma hora e pouco em 2017 na parte inicial, depois não tivemos fôlego pra sustentar... As 24 Horas, aliás, são sempre bons momentos, quem já participou sabe o quanto aquilo é alucinante. Teve também o pódio na 3ª etapa do CEKI naquele ano que foi bastante comemorado, talvez o nosso resultado mais expressivo, e a vitória nos 200 km de Registro, acho que foi em 2016, que acabou sendo tirada depois da prova por uma punição meio marota de 10 segundos que deu muito o que falar. O pior momento acho que foi a terceira etapa do CEKI ano passado, quando fizemos cagada em cima de cagada. Logo na primeira troca tivemos um piloto que foi pra pista sem sensor, não olhava para o box e ficou umas 10 voltas na pista até parar, depois levamos bandeira preta por não cumprir todas paradas, o kart principal quebrou faltando poucas voltas e não tinha piloto preparado para entrar na pista... erros de principiante, foi bem frustrante.

RARI: Como a equipe vem se preparando para o ENDURANCE BETO CARRERO 12 HORAS?
CJ: Não é muito diferente dos endurances mais curtos. Antes do evento, algumas conversas sobre estratégia, um check-list com as atribuições de cada componente da equipe. No dia da prova, chegamos cedo pra montar toda estrutura – tendas, lonas, comida e bebida, enfim, todo material e equipamentos necessários – e aí funciona em ritmo de mutirão mesmo, pilotos e staff colocando mãos à obra. A partir daí, é concentração na pista. Estratégia fica por conta do chefe de equipe, de modo que os pilotos se ocupem só de guiar sem dar muito palpite no resto. Essa é uma parte bem difícil pra mim, sou um pouco centralizador e às vezes é difícil virar a chave. Mas acho que tô aprendendo hahahah. Procuramos também sempre ter um “plano B” já elaborado pelo chefe de equipe, cuja autonomia é total e sempre tem a decisão final sobre quem larga, quem qualifica e o que fazer diante dos imprevistos. Tem sempre um briefing interno pouco antes da largada, onde repassamos todos os pontos referentes a comunicação, controles, trocas, responsabilidades de cada integrante, etc., principalmente no que diz respeito aos pilotos, mesmo que seja coisas óbvias e automáticas: não esquecer sensor, placa, peso, ter sempre um piloto pronto para entrar na pista numa emergência.
Durante a prova, também procuramos trocar muitas informações sobre pista, kart, tocada, sempre no sentido de auxiliar os menos experientes. Este ano, por exemplo, teremos dois pilotos muito fortes na Copa RNK, mas que nunca correram endurance. Aí é preciso também trabalhar no emocional desses caras para que se sintam à vontade e sem pressão.

RARI: Qual a expectativa para o resultado da equipe no ENDURANCE BETO CARRERO 12 HORAS?
CJ: A gente tem os pés no chão e a consciência de que ainda não temos condições de brigar na ponta da tabela, mas já passou da hora de voltar ao pódio. Essa é a meta pra próxima etapa do CEKI. Quem sabe terminar entre os 6 primeiros no campeonato também. Erro zero na pista e nos boxes e, claro, contar com a sorte de não pegar nenhum kart tranqueira.

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